sábado, 3 de março de 2012

Carlinhos Cachoeira teria ligação com Políticos em Goiás

O inquérito sobre o caso da máfia dos caça-níqueis aponta o envolvimento do suposto líder do esquema, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com jornalistas e políticos. De acordo com o documento de mais de 900 páginas, a máfia contaria com sofisticada espionagem política e empresarial, mediante supostas interceptações ilegais.Para a Justiça, o suspeito de liderar a quadrilha pode ser considerado o maior corruptor de agentes públicos encarregados da segurança pública de toda a história do estado de Goiás.

Durante a investigação, que durou cerca de 15 meses, foram identificados como integrantes do grupo criminoso infiltrados na área de segurança pública dois delegados de Polícia Federal de Goiânia, seis delegados da Polícia Civil de Goiás, três tenentes-coronéis, um capitão, uma major, dois sargentos, quatro cabos e 18 soldados da Polícia Militar de Goiás, um auxiliar administrativo da Polícia Federal em Brasília, um policial rodoviário federal, um agente da polícia civil de Goiás e um agente da polícia civil de Brasília, um sargento da Polícia Militar de Brasília, um servidor da Polícia Civil de Goiás, um servidor da Justiça Estadual de Valparaíso de Goiás.

Uma reportagem publicada no site da revista Época na sexta-feira (2) afirma que o suspeito de chefiar a máfia dos caça-níqueis conversaria com frequência e intimidade com parlamentares de vários partidos políticos. Inclusive com senadores da república.


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De acordo com a revista, em cerca de 200 horas de gravações telefônicas, Cachoeira conversaria com frequência e intimidade com parlamentares de vários partidos. Um deles seria o senador goiano Demóstenes Torres, líder do Democratas no Senado, que teria ganhado de Cachoeira, como presente de casamento no ano passado, uma cozinha completa.

Por telefone, o senador Demóstenes Torres, afirmou para a produção da TV Anhanguera, no sábado (3), que é amigo de Carlinhos Cachoeira, mas que não sabia que o suspeito teria algum envolvimento com jogos de caça-níqueis.

O texto da revista afirma também que Cachoeira teria contato com metade da bancada goiana. Um deles Carlos Alberto Leréia, do PSDB, aparece como contato rotineiro.

A produção da TV Anhanguera falou por telefone com o deputado, no sábado.

O deputado Carlos Alberto Leréia disse ser amigo pessoal de Carlinhos Cachoeira e que nunca escondeu isso, mas que não mantém nenhum contato empresarial envolvendo jogos de azar com Cachoeira.

A reportagem também fala que o ex-vereador Wladimir Garcez, preso na Operação Monte Carlo, trocava torpedos pelo celular com o governador Marconi Perillo e que repassava as informações para Cachoeira.

Por intermédio de sua assessoria, o governador Perillo disse que há anos mantém relações políticas com Garcez, com quem fala com frequência e troca mensagens eletrônicas. "Não me lembro bem sobre o que a gente falava, só que ele me ajudou a vender uma casa", diz Perillo por meio da assessoria.

Carlinhos Cachoeira foi preso em uma casa que ja pertenceu a Marconi Perillo.

Marconi Perillo (PSDB) disse ontem ao POPULAR que vendeu sua casa no Residencial Alphaville Ipês, onde morou por quatro anos – de 2007 a 2010 –, para Walter Paulo Santiago, proprietário da Faculdade Padrão, no início de 2011, em um negócio intermediado pelo ex-vereador Wladmir Garcêz. A casa é a mesma onde o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso quarta-feira pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, na Rua Cedroarana, Quadra G-3, Lote 11.

Marconi disse que não sabia que Cachoeira morava na casa, que foi vendida por R$ 1,4 milhão, dividido em três parcelas, segundo o governador. “Foi um negócio normal, fechado há um ano e já devidamente declarado no Imposto de Renda deste ano. Essa pergunta (sobre o morador) tem de ser feita ao proprietário da casa”, afirmou.

A casa consta na declaração de bens apresentada por Marconi à Justiça Eleitoral na campanha de 2010, ao valor de R$ 417.816,13.

O tucano contou que Wladmir o procurou mostrando-se ele próprio interessado na compra. “Isso a gente espalha para os amigos, pede ajuda. Aí o Wladmir entrou em contato. Quando fui passar a escritura, ele me informou que seria Walter Paulo o comprador. Eu nem falei com ele (Walter). O dono do cartório trouxe os documentos para eu assinar e depois levou ao comprador. Recebi os três cheques e fui fazendo os depósitos como combinado”, disse.

Na decisão, o juiz responsável pela décima-primeira Vara da Justiça Criminal de Goiás, responsável pela prisão de Cachoeira, escreve:

“Ao lado de 38 pessoas não vinculadas diretamente ao poder público, foram identificados 43 agentes públicos, distribuídos entre 06 delegados de polícia civil, 30 policiais militares, 02 delegados de polícia federal, 01 servidor administrativo de polícia federal, 01 policial rodoviário federal ... envolvidos diretamente com a organização criminosa, a maior parte deles na sua ordinária folha de pagamentos”.

Mais adiante, o juiz, que também apontou as relações da quadrilha com jornalistas, foi ainda mais preciso no tocante às relações de Cachoeira com o governo Perillo:

“... a partir do monitoramento do terminal utilizado por Carlos Cachoeira, foram identificados laços estreitos com políticos e empresários. Além disso, descobriu-se a influência de Carlos Cachoeira na nomeação de dezenas de pessoas para ocupar funções públicas no Estado de Goiás”.

No dia seguinte, o jornal Diário da Manhã, um dos principais de Goiás, saiu com uma manchete reveladora – e que já busca um álibi para os políticos locais. “Procurador da República isenta políticos”, diz o jornal.

Fontes:
http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/03/carlinhos-cachoeira-mantinha-contato-com-politicos-diz-inquerito.html

http://revistaepoca.globo.com/Brasil/noticia/2012/03/ligacoes-de-carlinhos-cachoeira-com-politicos.html

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